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sexta-feira, 26 de junho de 2015

MINHA TIA-AVÓ MARIA BASTOS

Lembra do meu ingênuo tio-avô Zeca? Aquele que amarrou barbante no bilau pra não fazer xixi na cama, e amanheceu na companhia de uma berinjela? Que foi hipnotizado por uma jibóia e ficou semanas com manchas da cor dela? O da capanguinha com o dinheiro da aposentadoria amarrado no bagageiro do ônibus, e que ficou sem ele? O que pulou da porteira pensando que ia levitar, caiu, quebrou o pescoço e morreu?... Lembrou? Pois é, ele tinha uma irmã, nada ingênua, chamada Maria Bastos (e não confundam com Marly, por favor). Tia Maria era dessas mulheres que tramava a vida, que fazia acontecer, que vivia um tempo além do seu. E tinha um marido que era pura safadeza, mas “piava fino” na mão dela.

Tio José adorava visitar “as primas” de vez em quando, e isso era um problema, pois morava na roça, e pra ficar bonito pra ir pra casa da luz vermelha, não era fácil, pois tia Maria, logo questionava o porquê das roupas novas, da colônia, da barba feita, se ia apenas reparar um estrago que o gado fez na cerca de arame? Então ele vestia as roupas de trabalhar por cima da roupa domingueira, colocava as ferramentas no saco e a colônia também e saia por ali dando pancadas, tentando enganá-la. Não enganava!

Um desses dias quando chegou “do trabalho braçal”, ela generosamente, colocou água quente na tina para que ele descansasse os músculos. Ele ficou desconfiado, pois longe dela qualquer gentileza dessas... Ele foi pro banho e sondou a água, e descobriu um fino pó no fundo da bacia. Era lixinha do campo! (Chá de lixinha, uma árvore do cerrado, em banhos seca qualquer coisa, inclusive os escrotos e apêndice...). Ela queria castrá-lo mesmo, pois assim ele parava de safadeza. Tia Maria levou uns tabefes por causa disso. Ainda não existia a Lei Maria da Penha.


Tio José esqueceu o fato, deixou pra lá e continuou sua vida custosa, de visitar as primas, sempre no marasmo da tarde. Numa dessas escapulidas à casa das primas, ele chegou cansado, pois havia brincado muito com as meninas, tomou seu banho, vestiu um “samba-canção” feito de amorim, folgado e confortável, e desmaiou de exaustão na cama...Acordou sentindo algo frio nas partes baixas, arregalou os olhos quando viu tia Maria sobre ele, com cara culpada, e na mão um alicate de castrar boi, conhecido como "burdizzo", que interrompe a circulação do testículo, e esse órgão acaba morrendo devido à falta de nutrientes. Se estivesse quentinho o ferro do alicate, ela teria conseguido o intento... Tia Maria apanhou de novo.

Mais ou menos um ano depois, tio José teve um infarto e morreu, e tia Maria parecia aliviada, pois assim ele sossegava e ela aparava os chifres de vez. Dez anos depois, ela contava sobre as “escapulidelas” dele e ainda tremia de raiva. Eita mulherzinha rancorosa, essa tia Maria Bastos, preferia quebrar o brinquedinho, do que dividi-lo.

Se essa minha tia-avó fosse mulher da atualidade, ela viraria o mundo pra defender o que era dela. Bem, defender não sei se seria o termo correto, mas ela explodiria tudo pra não deixar pra ninguém o que lhe fosse por direito. Certinha ela...

Marly Bastos

quinta-feira, 11 de junho de 2015

VENDO UM CORAÇÃO





Foto extraída da internet


 Fiz-me palavras,

Assim poderias me ouvir

Fiz-me poesia,

Para alcançar a tua alma.

Fiz-me rodopio no ar,

Para que pudesse me arrebatar.

Fiz-me passos lentos,

Para que pudesse me alcançar.

Fiz-me toda carência,

Para que teu corpo a suprisse.

Fiz-me dengo intenso,

Para aninhar-me em teus abraços.

Fiz-me rosa no teu jardim,

Para colorir e perfumar seus dias.

Fiz-me orvalho, na tua escassez,

Apenas, porque é assim que se provê o amor...



Mas...

De tudo que me fiz, 
Você muito pouco quis.



Então,

Juntei tudo na mala do desprezo
 E arrastei caminho afora.


Quem poderá querer ainda,

Palavras que se tornaram ecos vazios?

Poesia sem sentido?

Rodopio a ermo?

Pés vacilantes e sem chão?

Passos lentos e atrasados?

Um dengo carente?

... Estou vendendo um coração

Com sonhos dilacerados

Teria algum pretendente?
Foto extraída da internet


Marly Bastos







terça-feira, 12 de maio de 2015

QUANDO VOCÊ CHEGAR.

.
Quando você chegar,
A casa não terá portas,
Meu coração não terá barreiras,
As cores opacas das minhas íris estarão coloridas
E terei palavras raras
Para mostrar-te a imensidão dos meus desejos.
Deixarei que o tempo reponha a alegria na minha alma
E não teremos mais um afeto entristecido...

Em meio a risos e lágrimas,
Encontrarei o espaço de todas as dimensões
E fecundarei para ti os mais sólidos contos de fadas.
Na minha inspiração frágil e delicada,
Deixarei a vida fluir por estradas diversas
Convergindo em passado, presente e futuro...
Sem vésperas e datas e tão perto quanto possas estar,
Sussurrarei para ti as minhas palavras mais desejadas...

E na virgem nudez dos sentimentos,
 te darei o meu melhor sorriso
E ele será meu convite para que faças morada em mim.


Marly Bastos

sexta-feira, 8 de maio de 2015

LINGUAGEM DA ALMA



Palavras mudas de amor, rolam insistentemente por minhas faces.
E em repertório silencioso,
Convencem apenas minha alma da poesia que há no querer.
Linguagem liquefeita, que sustentam suspiros de tristezas...

Ânsias de um sentimento no peito guardado
Como se fosse um pássaro de asa quebrada,
Que sabe voar, todavia continua ali aprisionado,
Pois lhe falta o mais importante para alçar voo...
A asa? Não... A coragem! 
 Meu coração é ninho que abriga um pássaro ferido!

Talvez a mais sincera linguagem do amor
Esteja nas lágrimas teimosas
Que brotam do manancial chamado alma;

Talvez o maior grito de desejo
Ecoe no borbulhar do sangue nas veias,
por desejos que retorcem calados na calada da noite...

 Marly Bastos

 
 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

DÁ UM TEMPO, SOLIDÃO!


                                                  imagem extraída da internet

Na verdade a solidão não está sozinha... Ela sempre está acompanhada pela saudade e lembranças que insistem em bater na porta do seu coração sem avisar e quando menos se espera [Eita danadinha né?]. Na solidão temos definitivamente a companhia do amor que ficou quando o amado se foi.
A solidão tem espaço, quando mesmo aceitando que as coisas não dariam certo,  ainda não liberamos a desistência “dessas coisas” ou quando apesar de tudo ainda passa pela nossa cabeça uma montanha de “se”  “talvez” e “quando” que provocam ondas de possibilidades, de apego, e de quereres ao que já não é.
Ahhhhh... A solidão dói sim! Ela é alicerçada na tristeza e melancolia, que devagarzinho vai corroendo nossos ânimos e nos estagnando a vida. Não se deve permitir que ela escravize nossa alegria, nossos sonhos, nosso futuro. E aí, é uma questão de vivê-la, senti-la, acarinhá-la e gozá-la e depois como uma vadia qualquer colocá-la porta à fora.
Quem deixa ela tomar espaço no seu cotidiano, na sua cama, nos seus relacionamentos e nos recônditos da sua alma, já foi enterrado respirando ainda. Esse torna-se uma pessoa com um véu sobre o olhar, um gosto de fel na língua e uma carranca no sorriso... Solidão mata em vida!
As companhias que a solidão cativa[saudade e lembranças] gera um outro tipo de solidão: Solidão de si mesmo! O “eu” vai sendo anulado pelos sentimentos de tristeza e aí nem contigo estará mais, e o vazio que fica dentro dessa carcaça “inhaquenta” provoca a falta de amor próprio! E daí? E daí, se nem seu “eu” te suporta, que dirá os outros... Quem gosta de amargor é comedor de jiló!
Da solidão ninguém está livre! Ela é como uma nuvem que paira sobre o infinito da nossa alma, mas que deve ser soprada pelo vendo da alegria e do renovo, pois a vida é muito curta e não vale ficar de “boca aberta” olhando a dita nuvem e esperando que ela se desfaça quando bem quiser...
Marly Bastos

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O GIRAR DA VIDA!

 
Parei em frente ao espelho... Olhei-me sem reservas e sem tapeiras psicológicas, vi-me como realmente estou. Passei a mão vagarosamente pelo meu rosto, pescoço e desci sondando a pele e a firmeza da carne. Constatei a minha maturidade.
 
O maldoso reflexo no espelho mostra sem dó as marcas que o girar da roda do tempo deixou. Todavia, vou além desse reflexo físico, mergulho na alma e começo a revirar meus sentimentos e emoções. Analiso numa visão realista as perdas e ganhos. Descubro que agora tenho mais capacidade de entender minhas perdas físicas e emocionais.
 
Perdi com certeza, uma porção generosa de elastina da pele, o nível de progesterona, massa óssea e muscular, perdi pigmentação dos cabelos, perdi uma porcentagem da capacidade visual e auditiva(risos). Mas, fazendo um balanço vejo que minhas perdas, foram mais físicas, já que nesse caminho que percorri, aprendi muitas coisas e ganhei outras tantas...
Hoje tenho autonomia nas minhas escolhas, posso direcionar minha vida, escolher o rumo de minha existência com liberdade. Sou reconhecedora das fases pelas quais passei e tirar dela o melhor. Hoje tenho mais serenidade e mais sabedoria, adquirida através da experiência que os anos trazem.
 
Essa dita maturidade, trouxe-me mais sensualidade, tornou-me mais provocante, mais erótica, mais razão, mais coração. Trouxe-me uma alma sensível e determinada; feminina, porém forte. Não deixo “nas entrelinhas”, procuro dizer sutilmente; sou mais seletiva; tenho mais “jogo de cintura”; sou e tenho uma conversa interessante. Isso é fato!
 
Com o tempo, a pele amadurece e se torna macia, quente e aconchegante. Os poros mais dilatados para uma melhor fusão de cheiro, gosto e calor... A boca mais receptiva... Os olhos mais felinos e maliciosos, talvez por ter essa experiência refletida neles. Afinal os olhos não são o reflexo da alma? As mãos mais cândidas e sábias, as palavras mais pensadas, as diferenças são moldadas e não divididas (isso é arte). Enfim, os vendavais das emoções ficaram para traz, pois chegou o tempo do soprar da brisa que trás refrigério.
 
Que desça a areia da ampulheta da minha vida, e contarei os grãos desse relógio chamado plenitude. E viverei cada momento, gastando e me deixando gastar...
 
Marly Bastos
                   

terça-feira, 21 de abril de 2015

VEM CÁ!


Vem cá!
Derrame-te em mim por inteiro
Eu desejo o teu gosto e cheiro
Vem! Homem faminto
Dominando  meu instinto
Cavalgando em meus desejos
Arrepiando meus pelos

Vem cá!
Acaba comigo em puro êxtase
E faz-me transpirar gemido
Aflorar a libido,
Gemer sussurros
Calar meus urros
Nas ondas dos teus arrepios surfar
Nos teus apelos lambuzar.

Vem cá!
Chega-te a mim...
Apaixonado e furioso
Faz do meu corpo teu repouso,
Seqüestrando meu gozo
Aprisionando meus anseios
Com esse seu jeito assim, sem receios...

Vem cá!
Invada meu corpo inteiro
Quero-te primeiro e por derradeiro
Chega-te a mim, completamente
E me derramarei toda... Docemente

Marly Bastos

segunda-feira, 20 de abril de 2015

ENVIESADA


 
Imagem da Web

Sim eu sou mulher!
E às vezes me sinto condensada dentro de um frasco de poesia
ou espremida num saco de incertezas. 

Sou de parir lágrimas de amor,
mas também sei cultivar um espinhal que fere doído.
Eu sou mulher e por isso lacuno meus medos,
deixo meus desejos navegarem sem fronteira
e sou capaz de ocultar as chagas das tristezas que a vida impõe.

Confabulo um chamego e um cafuné, e me deixo transbordar de amor.
Às vezes sou gata no cio, que exige, que arranha e que toma tudo...
Ou gata dengosa que só quer aconchego, espreguiçar languidamente
e ficar observando o mundo com olhar profundo.
E me dou ainda ao prazer de ser gata felina,
que vai à caça, e luta pelo rato de cada dia.

Sou contradição, sou lógica!
Sorrio chorando, choro sorrindo.
Sou suave mesmo num vendaval
ou furiosa como um bouquet de rosas vermelhas.

Vivo loucuras sentidas e despudoradas,
também sou formada de verdades benditas,
palavras edificantes e carícias curadoras.

Sou sim, capaz de esfaquear verdades, arrancar pedaços de mentiras,
costurar sentimentos no tempo e lamber lentamente minhas tristezas.
Minhas palavras têm personalidade própria
e elas mostram que sou muito humana e deveras enviesada.

Marly Bastos

sexta-feira, 17 de abril de 2015

NO ANDAR DA CARRUAGEM, ANDA TAMBÉM MINHA VIDA...


O tempo tira de um lado e muito oferece do outro. Na maturidade, amamos verdadeiramente, sem limites, fronteiras e sem medo. E da mesma forma somos amados. Não vivemos do corpo e sabemos aproveitar o que a mente nos proporciona: Uma mente cheia de riquezas que aumentam a cada dia. 

Em questão física, tudo descamba e envelhece, mas os sonhos não acabam, as lembranças não morrem, a experiência e sabedoria aumentam e o amor não se cansa nunca. O tempo deixa marcas no físico sim senhor, desde a cor dos cabelos, textura da pele e até o tom da voz. Esse é o ciclo da vida. 

Mas vamos combinar, fruta madura é bem melhor... Mais doce, saborosa e suculenta... O que se perde em vigor físico, se ganha em experiência, vivência, sabedoria e é aí que entendemos melhor nossa existência  decifrarmos os atalhos que ela nos proporciona. É na maturidade que entendemos muitas coisas, é nela que temos uma vida renovada. O bom do envelhecer é a bagagem que se vai adquirindo e que nos permite viver melhor,com sabedoria e em plenitude. 

Alguém vai dizer que é balela essa colocação que faço sobre o passar do tempo, sobre a vida e suas marcas e que a aceitação de que envelhecemos é o melhor caminho para encontrar um ponto de equilíbrio para o nosso eu. Então vem a pergunta: E tem outro jeito? O tempo passa, a pele fica flácida e as articulações enrijecem... O olhar perde o viço, o cabelo perde o balanço, enquanto você balança e cai por qualquer tropeção. Ou aceita isso, ou vai ser uma pessoa velha e esticada por intervenções cirúrgicas, metacril e botox[e frustrada]. Nada contra [e até penso em fazer algo assim daqui uns tempos] mas encontrar o equilíbrio é essencial, para não parecer uma múmia no formol, uma pessoa ranzinza e azeda!

Enfim, o tempo é muito generoso quando as pessoas são sábias, quando sabem tirar maior proveito dele! A lei da vida é essa: Ao mesmo tempo que a ação da gravidade age na gente, os conhecimentos e cargas de experiência, também! Conforme os anos passam, aprendemos o suficiente para constatar a beleza que existe nesta fase da vida em que estamos. Enquanto perdemos no corpo, ganhamos na alma. Há mais ganho do que perda, afinal elastina se repõe [com injeções?] e sabedoria não tem quem possa barganhá-la na bioplastia. Basta aceitar que envelhecer o corpo faz parte do viver, mas que o interior pode ser eternamente jovem, Como? Nunca deixar que as lamúrias tomem espaço onde deveria estar a alegria! Ninguém aguenta velho ranzinza, isso é fato...

Marly Bastos

domingo, 12 de abril de 2015

AINDA NÃO PERCEBESTE.


Foto da web
 
... Ainda não percebeste, mas eu sou o vazio que te lateja
nas madrugadas ocas; a música silenciosa que te invade a alma,
em forma dos meus sussurros...

Sou a latência incômoda que te revira insone! Sou o teu encolher,
pelo medo arredio de te entregares... E por mais que fujas, sabes que
detenho teus passos na minha estrada cheia de curvas.

Estou escondida na profundidade dos teus olhos... E sabes ser impossível
arrancar-me de lá,  pois estou colada à tua retina.
Sou eu quem libero cores para a tua visão.

Sou teu oásis de águas cristalinas, escondida entre folhagens
para que somente tu sacies tua sede.

Sei que foges sôfrego, mas volta pulsante... Pronto para mergulhar
todo em minha fonte de desejos, onde escorre líquidos doces e quentes
que te embriagam e renovam tuas forças.

Sou teu grito de “não”, sou teu apelo de “sim”, sou tua dúvida de “talvez”...
Eu sou tuas irrealidades, impossibilidades e tudo
que te complica a vida.

E por ser tanto em ti, deixo minhas entranhas guardadas
em tuas mãos.
Mas nem isso, ainda percebeste...
Marly  Bastos

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A TUA PALAVRA SENHOR!


Sacudirei o pó da caminhada pelo deserto,
Louvarei no vale, pois Ele reavivará meus sonhos,
Abrindo fendas na rocha para saciar minha sede.
Assim, meus lábios cantarão louvores ao meu Deus,
Atraindo toda sorte de bênçãos para minha casa.

Levantarei minha cabeça e subirei ao cume do monte,
Para que ali o Senhor fale comigo...
E sentirei a brisa da Sua boca, limpando minha alma, 
E o azeite da Sua glória sarando minhas feridas. 
Contemplarei os galhos secos florescendo,
E o solo castigado, pisado pela injustiça,
Sendo cultivado pelo meu Deus e Senhor. 

Descansarei folgadamente, 
Pois uma nuvem de glória pairará sobre mim
E a restituição chegará enfim à minha vida.
Portanto, comerei o melhor desta terra, 
Pois, com Deus sou grandemente próspera!
(Promessas extraídas da Bíblia)

Marly Bastos

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SÃO FOFOS ESSES FOFINHOS!



Estou sempre afirmando que os homens são a segunda obra prima de Deus. A primeira são as mulheres sem dúvidas, por serem feitas depois deles, foram aperfeiçoadas em tudo. Mas hoje, quero falar de uma classe especial de homens: Os fora da forma física convencional. Esses têm um encanto especial! Diante do bom humor que eles demonstram, uma barriguinha não tem importância alguma. Geralmente não gostam de pegar sol e ficam branquinhos... E quem se importa com isso? Afinal pra que marquinhas? Eles tem consciência da forma física que exibem(em forma de bola, quadrado, retângulo, colchão, tamborete, tambor...), e por isso, não ficam se exibindo sem camisa por ai, com o peitoral de fora e nos deixando roxas de ciúmes. Aliás, homem “malhação-janela”(aqueles com uns dorsos maravilhosos sempre exposto para delírio da mulherada) geralmente não são cavalheiros, são egoístas e exibicionistas, além claro de quase fúteis.

Homens malhados e o IMC ideal são “ um pé no saco”, pois só falam de suplementos alimentares, calorias das barrinhas de cereal, gordura saturada do sanduiche, os malefícios da carne vermelha (picanha então um veneno!). Lasanha? Só se for de berinjela no lugar da divina massa... Saia com um desses pra ver! Vai comer folhas igual lagarta ou pra não exagerar uma salada com produtos integrais. Tem quem goste, mas sinceramente eu faço esse tipo de refeição em casa e nos dias úteis. Final de semana eu quero ser feliz e isso inclui pizzas e outras massas, carnes vermelhas, inclusive de porco com tutu a mineira. Uma galinhada e coca-cola, e não me venha com o veneno da light ou diet eu gosto é da engordiet.

Deu pra entender porque acho homens fofinhos tudo de bom né? Nem precisa pedir, eles te leva pra uma churrascaria quase a meia-noite e manda descer o rodízio! Isso inclui passar a noite toda sentindo mal pelo peso da carne que o estômago não consegue digerir direito... Mas quem importa? Os risos, a conversa divertida (ninguém fica divertido com fome), aquela cumplicidade no mastigar que até parece sincronizado... Tudo lindo! Há outros lugares para ir claro, mas com certeza, eles fogem(como eu) de restaurante especializado em comida francesa, pois aquele tiquinho de comida no prato afugenta o homem fofinho(e a mim também).

Aqueles homens que parece pão de queijo, fofinhos, gostosinhos, redondinhos e branquinhos, podem não ser padrão de beleza, mas que são excelentes são. Eles se superam em inteligência, em gentilezas, em carinhos, e com toda certeza em nada ficam a dever em encantos aos brutamontes(não que eu não goste. Eu gosto sim, acho lindo quando os músculos estão na dosagem certa, quando não há exagero), mas sinceramente, não é o essencial aos olhos. Olhos femininos sábios, enxergam o que é invisível, o que está nas entrelinhas, o que passa batido pelas menos experientes da vida.

     Homens fofinhos se desdobram em encantos, que a nós mulheres (sábias) faz toda diferença. Se são baixinhos, tem um humor nas alturas, geralmente tem alma tão transparente quanto sua pele, o sorriso vale por uma montanha de músculos definidos e o olhar deles geralmente é pura poesia, pois eles te veem com olhos líricos, e diante deles você se sente a mulher mais linda do mundo!

Agora me diz, homens fofos, não são umas fofuras mesmo? Claro, há controvérsias, mas é que essas ainda não experimentaram um verdadeiro pão de queijo, aquele feito com ingredientes genuínos ... Maravilhosos!


Marly Bastos

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

DESEJEANDO


Enrosque em mim seu ser
Mescle sua alma à minha
Funda teus poros aos meus
Até que teus gritos sejam meus gemidos.

Que as batidas do teu coração
sejam os compassos da minha dança matinal
E que teus beijos sejam meu ponto de partida
para chegar ao desejo sensual.

E que o teu sussurrar ao meu ouvido,
Seja a música que me embale as vontades.
Que os teus dedos mansos,
Sejam turbilhões para meu sangue.

Que o teu todo seja o meu meio
E que o meu cheio seja o seu transbordar...
Em meia voz, à meia luz faça-me cheia de ti.
Em meia-lua, faz-me tua.


Marly Bastos

domingo, 25 de janeiro de 2015

AINDA QUE FANTASIAS...

                                    Imagem da Web
Fantasias são os devaneios e viagens mentais que a nossa imaginação nos permite... Elas são necessárias para enfrentarmos os vazios que a vida real traz, ou que os sonhos não concretizam... As agruras da vida e a dureza cotidiana, tomam conta do nosso existir e aí fica a impressão de que somos fracos demais para mudar nossa realidade, então torna-se aplausível criar asas nos pés e voar na imaginação.

São tantos tipos de fantasias, mas o certo é que elas nos levam para o fim do arco-íris... Elas sempre acometem corações sedentos de vida, de amor, de paixão e de todos os sentimentos que nos dão  a possibilidade de viver plenamente. É na impossibilidade que a fantasia se torna possível, pois nela nossas vontades alçam voos, quebram protocolos, rompem as correntes das convenções e dá uma rasante no intocável!

Fantasiar é criar um mundo que almejamos. E isso nos faz querer encontrá-lo... Naquele minuto de desconsolo da vida e de buscas vãs, embevecidos deixamos vir à tona regressos de emoções que nem o tempo martirizado pelos arranhões das unhas da saudade pode calar a poesia de encantos [e até desencantos]. Fantasia é sobejo de saudade, é delírio de vontades guardadas, pedacinhos de “desfaço a realidade” e um bocadinho de felicidade.

Às vezes a vida é tão dura e dolorida, a realidade tão sonsa, que necessitamos ter um pouco mais... Divagar numa fantasia é dar um refresco para o espírito, é fabricar sonhos e dar uma razão que preencha o vazio. Aí é que entendemos que divagar numa fantasia é melhor que nada, pois nela, nem que seja por alguns momentos temos tudo... Ou quase tudo!

Fantasiar é criar um mundo ou a possibilidade de um momento no qual esbarramos nas concretudes que ansiamos. É tão bom fantasiar, é maravilhoso devanear! E dentro desse mundo à parte podemos por alguns momentos encontrar realizações. Isso é, até que algum estudo psicanalítico diga que isso é loucura, ou algum manual psiquiátrico diga que é um transtorno...

Marly Bastos

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

DIZ MOÇO, DIZ...

                                                        foto da Web
           Estou precisando de um terapeuta para o meu EGO. Esses dias olhei-me pelo espelho e gritei:”Meu Deus, estou parecendo uma jaca albinaaaa! Gente que tanto de celulite... Estou gorda! Fui pra academia no outro dia e me matriculei. O que queima mais gordura por aqui? Spinning? Então, começo por ele. Pedalei 45 minutos sem parar, suei feito cuscuz no ponto e no outro dia ainda tinha a impressão de estar com o selim no traseiro.Que dor! Pilates, musculação, ioga(que quase me quebrou ao meio) e dança de salão, queria fazer tudo. Claro que não agüentei, mas desde o primeiro dia já me senti mais magra..
          Ontem fui fazer fisioterapia (por causa da ioga que eu exagerei) e parei o carro numa rua de trás (como anda difícil estacionamento) . Andei apressada até o outro lado do quarteirão, pois estava meio atrasada. Quando já estava entrando no edifício da clínica, passei por um rapaz que disse alguma coisa que meus ouvidos captaram como “QUE GORDINHA LINDA”!
         Gordinha?? Que abusado, já não basta meu espelho?! Furiosa e num calor de 30º, eu fervi! Virei pra ele e numa voz lenta e entre dentes perguntei: “
         -Que foi que você disse mesmo???
         Ele arregalou os olhos, gaguejou e disse: “
         -Desculpe moça, foi mal...
         -Mal??? Foi péssimo! Como me chama assim de gordinha linda?? Que ridículo...
         - Eu não disse gordinha linda! Eu disse foi QUE BOQUINHA LINDA!
         Putz! Fiquei com cara de bola chutada... ...
        - Ãh... Então tá... Desculpe-me, é que estou meio gordinha mesmo. Sentei na calçada e ri com gosto.
         Ele ficou sem saber o que fazer. Parecia entre divertido e assustado:
         - Que isso moça! Falei da boca... É que você tem boca bonita mesmo...
         Gostei mais do “moça”... Levantei, virei as costas e subi correndo as escadas, calculando as 11 calorias que eu ia perder.
         O problema é que a gente ouve o que o cérebro comanda. Encuquei que estava gorda e bastou algo parecido para eu capitar como fato. Estava precisando de um terapeuta para o ego (e quando Deus manda eu espanto!).
         E já que cheguei mesmo atrasada na fisioterapia, devia ter aproveitado e pedido: “Diz mais moço que minha boquinha é bonita, diz que meus olhos são encantadores, que meu sorriso dilacera qualquer coração, e pode dizer até que sou gordinha, desde que coloque o bela depois, diz moço, diz...”

                                                          Marly Bastos

domingo, 11 de janeiro de 2015

ESPERO –TE




À beira da tua estrada, espero-te.
Com olhar vago, anseio que apareças naquela curva, onde o vi sumir um dia. 
Foste como quem ia ali e nunca mais voltou...
Deixando a tua ausência como ferida, na minha carne,
Como uma tempestade nos meus olhos,
Como um poço de fel na minha boca.
Ausentaste de mim teus lábios,
E deixastes o meus como borboleta com asas quebradas.

Na ponta da língua trago a saudade dos teus gostos...
E minha alma exala teu aroma , pois impregnaste-me o ser.
Sinto o frio que o espaço das tuas mãos deixaram...
Já não tenho a claridade do teu sorriso, nem a profundidade do teu olhar.

Estou carente de ti...
E pergunto no meu coração, se pensas um pouco em mim,
Todavia, não obtenho respostas
E meu espírito silencia-se desconfortavelmente.
Parece-me que nesse silêncio rotundo das minhas entranhas, 
Já nem vivo!
Pois não me percebo, sinto-me feita apenas de ar, transparente,
Ou se alguma matéria tiver, é apenas vidro...

Sou mendiga da tua presença,
Do te amor,
Das tuas palavras.
E sou pedinte à beira da tua estrada.

Marly Bastos









domingo, 4 de janeiro de 2015

TELA DA VIDA

           

Não sei... Tenho chorado por pouco, sofrido por menos e sentido por demais. O que me deixa assim, eu não sei, talvez sejam os problemas do dia-a-dia, a falta de perspectiva na minha vida. Acho que tenho deixado de sonhar os meus sonhos e sonhado os sonhos dos outros. Tenho vivido de expectativas e frustrações, de indagações para perguntas que não tem respostas. Em todos esses meus anos de existência, poucas coisas guardo no baú da saudade ( segredos, desejos, decepções, traumas e algumas alegrias que decidi não repartir).

Recordo os caminhos de longe, e acho tão longe os caminhos de perto! Descobri que os espaços abertos da infância, não podem ser devolvidos. Os sonhos eram pequenos e simples, mas não tinham limites, eu os criava e recriava. Era autora e atora da minha história... Não tinha autonomia para quase nada, mas era dona de mim, dona da minha matéria-prima frágil, mas virgem... Intocada pelos dissabores da vida! Hoje tenho autonomia, mas sou escrava das convenções, conceitos, rótulos, imagens, palavras, juízos e definições, que bloqueiam os sentimentos e interferem nos relacionamentos verdadeiros...

Fico pensando o quando nos mascaramos para nos defendermos da matéria fosca que a vida traz... Sinto que estou deixando a vida escorrer por entre os dedos do tempo, enquanto ela devia jorrar como manancial precioso, cortando a história, fazendo trilheiros, abençoando as vidas por onde passar. 

Sinto saudades! Dos tempos de aventura, dos tempos de fantasia, dos tempos de paraíso, dos tempos da inocência, dos tempos da adolescência e da falta de consciência. Sinto saudade do colorido aguçado das coisas. Ainda há um lugar vazio, onde foi me roubado um beijo, e uma desordem por um tufão de emoções em minha vida. Eu na verdade queria ser recriada, ir me fazendo criança, trocando a experiência pela infância, o trabalho pela brincadeira, a realidade pelos contos de fadas. Trocava o galopar do cavalo alado capitalista, pelo cavalo-de-pau tão fraco quanto minhas perninhas de outrora. 

Vou vagando e divagando ao longo da minha vida e quando faço isso, acabo na escrita e... Escrevo poemas sim! E em alguns sinto que nem tudo está perdido, pois ainda me perco e me acho neles... Não sei se não sei o que sinto. Às vezes sinto que minto pra mim mesma. Fujo do doce amargo das frias conclusões, dos turbilhões que a tela irreal tece da vida. 

Preciso repintar minha história, colocar em evidência as relíquias reprimidas e buscar a mulher em mim, que me foi dada de presente, para amar e para viver de amor. Sem deixar-me abater pelas horas que partiram a vida em sonhos e transformaram meus sonhos, em realidade nua e crua...

Marly Bastos