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terça-feira, 26 de junho de 2012

EU ME FUI ROUBADA



Eu me fui roubada!
Deixei-me saquear, quando olhaste tão profundamente dentro dos meus olhos
a ponto de cegar-me a razão
 e por isso eu deixei que fosses a claridade dos meus dias.
 [Quão cinzento eles têm sido!]

Roubei-me de mim,
quando deixei que os teus beijos fossem mais ansiados
que o próprio respirar.. .Ainda perco o ar flutuando nas lembranças
do  teu céu, e me embriagando com o teu gosto que deveria ser fugaz...

Roubei-me de mim,
 quando concordei em somente deixar que à flor da minha pele,
os teus carinhos viessem orvalhar...
Como é possível isso, se o amor por essência é liquefeito?
...É sangue, suor e gozo...

Roubei-me de mim,
quando a minha pele em flor, exalava desejos de você,
ansiava pelos teus toques [ tão ao acaso.]
Alimentei-me com memórias de vãos momentos.

Roubei-me de mim,
quando minha flor mendigou teus beijos ousados,
 teus toques aveludados
e a tua última barreira erguida
pronta para ruir em escombros de prazer...
[Não havia última barreira,
pois estavam todas levantadas à minha volta
 e eu perdida, bloqueada entre elas.]
Prisioneira fui, do que nem sequer existiu,
a não ser na minha cabeça romântica e tola.

Eu me roubei de mim,
quando entre lágrimas de decepção descobri a dor
de ser saqueada de mim mesma...
[E ainda ter que parecer inteira.]

     Marly Bastos

segunda-feira, 25 de junho de 2012

NEGÓCIO DA CHINA



 
Final da década de 60 e início da década de  70...
Era uma família honrada, trabalhadora e sem malícia. Viviam do que a terra produzia, do que plantavam e do gado leiteiro. Estudo somente o que aprenderam com professores itinerantes, pagos por algumas ocasiões. Sobre empreendimentos, bolsas de valores, tesouro nacional, não entendiam nada.  De cédulas monetárias, até bobos sabem...
                Bem, em um dia apareceu por aquelas bandas do interior goiano, “homens de negócios”, oferecendo a oportunidade da “China” para que a família ficasse rica e deixasse um pouco a lida trabalhosa em que viviam.  Vendiam uma “máquina de fazer dinheiro” e demonstraram como se podia reproduzir as cédulas. Reproduziram um pacote de dinheiro que eles, para comprovar que era coisa boa, entregaram para eles gastarem na cidade.  Gastaram tudo e ficaram maravilhados!
                A Ganância cega os olhos e embota a mente... Teriam que comprar a máquina. Sugeriram o óbvio: Comprava-se a máquina, fazia-se o dinheiro e pagava-se a dívida simples assim].  Os homens de negócio refutaram: Falta o papel que somente quem comprar a máquina e de posse do certificado poderá comprar o papel especial. Era comprar aquele dia ou iam embora vender pra outros.  Juntaram o gado no curral e venderam pela oferta que tiveram, pediram outra parte do dinheiro emprestada ao Banco do Brasil. Compraram a máquina de fazer dinheiro!      
                O mais sabido dos filhos foi com eles rumo a Brasília, para comprar o papel especial, todavia no meio do nada espancaram o rapaz  e o deixou ali a ermo. Dois dias depois conseguiu regressar ao lar e contar o que se passou. Foram à delegacia de polícia relatar o fato, e de vítimas, passaram à criminosos. F oi um escândalo descobrir que uma família tão honrada era falsificadora de dinheiro.
                Claro que os amigos intervieram, explicaram ao juiz que esse ato era por ignorância e não por malandragem ou vigarice. Recolheram todo dinheiro falso distribuído pela pequena cidade e abafaram o caso. Os federais levaram a maravilhosa máquina de fazer dinheiro.
                Endividados com o banco e envergonhados pelo ocorrido, venderam as terras, pagaram o banco e os lesados pelo dinheiro falso. E com o pouco que sobrou compraram terras no Pará, mas as terras não tinham documentação e foram enxotados de lá pelos canos das garruchas de quem se achava com mais peito e direito de estar ali.
                Voltaram e foram trabalhar como lavradores nas terras que já haviam pertencido a eles... Nessa vida realmente nada é seguro, e dinheiro fácil, só se ganhar na Mega Sena.

PS: Ou melhor, há quem diga que na vida temos três chances se ficarmos ricos: Quando nascemos [eu fazia parte de um escroto pobre, mas ainda tive a sorte de não ir pro ralo], quando casamos [essa chance eu mesma perdi, por causa de um cupido muito do sacana] ou quando ganhamos na  Mega e afins [como eu não jogo, acho que eliminei assim minha última chance...].
 Marly Bastos


sábado, 23 de junho de 2012

DÊ TEMPO PRA DESILUSÃO



A dor emocional dói tanto quanto a dor física! Ela dilacera nosso coração, causa uma ferida na alma e mata os nossos melhores sonhos.  É uma dor eminente esmagando nossos sentimentos, nossas vontades, um fogo consumindo nosso interior, uma inquietação no espírito. Essa  dor é a famosa desilusão.

A sociedade não liga muito para esse tipo de dor. Insensíveis seguem seus rumos, olham a casca e não veem que por dentro a gente tem uma hemorragia... Ainda servimos de chacota para os fofoqueiros dos corredores, para a língua peçonhenta da tia beata e para colegas que têm inveja do que você viveu... Cada desilusão é um pedaço de nós que vai embora, dói tanto, que quase sentimos nossa vida se esvair pelos poros.

E quem faz sofrer? Geralmente segue seu caminho indiferente, se sentindo livre, leve e solto, achando que se livrou de uma... Uma o que mesmo? Bem... Você foi atropelada por um condutor do amor, ficou estatelada no chão da amargura, sangrando copiosamente, gemendo de dor, e ele insensivelmente continuou o caminho da felicidade sem olhar pra trás, não prestou socorro, não teve tato, apenas seguiu... Quando você foi atropelada, o mundo ainda era cor de rosa, agora parece roxo, igualzinho os hematomas que ficaram na alma.

A dor é de montão, os conselhos que não queremos são mais ainda! Queremos tempo pra curar a dor de cotovelo, a amargura, o vazio existencial, o medo de tentar novamente, a dificuldades em aceitar o fim, o descrédito e a auto-estima temporariamente em baixa. Queremos tempo para perdoar quem nos causou essa enorme dor, e precisamos de tempo para digerir o sentimento que não passa de uma hora pra outra... Mastigar, mastigar, mastigar... Engolir, ruminar... E na calada da noite novamente mastigar... No tempo certo vai ser digerido facilmente, mas há um tempo!

Vai bater o desespero, o choro, a dificuldades de sorrir, o sarcasmo, o desânimo, a desesperança... Ainda assim, acredite na poesia que há na vida, e repinte seu arco-íris, refaça seus projetos, trace metas, busque outras canções, reformule seus conceitos, reflita sobre suas verdades, sonhe com coisas inefáveis, aprenda a se amar totalmente,se permita, seduza e acima de tudo, mesmo que mancando, se arrastando, gemendo pelo caminho, siga em frente, pois a vida é maravilhosa e um minuto é muito pra sofrer por quem não te merece. Infelizmente, vai ter que perder o tempo necessário pra sentir a dor, para catarsear o sofrimento, ou ele se tornará crônico.
Marly Bastos

segunda-feira, 4 de junho de 2012

LA PETIT MORT

Por um tempo indefinido estarei sem postar, mas voltarei! Há coisas que necessitam de tempo, de reflexão e uma pausa. E eu nesse momento preciso... Esse fica sendo o meu post de "bota fora" e dedicado a Luciana Souza, que gosta de poemas que "alvoroçam" a imaginação!


Derramam ternura em cúmplice refúgio,
E no tato, tem o querer sem subterfúgio,
Matando o tempo nos minutos indefinidos,
No delírio demente, enlouquecidos.

Aquecidos pelas respostas aos anseios
Desejos fervilham... Devaneios!
Desconexão do mundo, espaço etéreo,
O corpo fala de dentro: Desejo venéreo!

A entrega, não é mais agora opção,
Na energia latente, já virou combustão.
No ápice dos desejos, a vida transcende,
La  petit mort é do gozo o que se sente.

Momentos intensos nas peles fundidos...
Saudades antes de ir, aperta os corações unidos,
Esqueceram... E se esqueceram primeiro,
Morreram um pouquinho e viveram por inteiro.

Marly Bastos




Deixo uma beijoka doce para cada parceiro dessa blogosfera. Até mais...

sábado, 2 de junho de 2012

CONTO (DES) ENCANTADO


E depois da conquista? Ele ainda continua com as mesmas gentilezas?
A maioria das mulheres reclama que não. Uma pequena parte diz que mais ou menos... E uma minoria (sortuda por sinal) diz que sim.
 Antes ele se empenhava em chegar no horário marcado, em mandar uma mensagem de bom dia por email ou celular, um recadinho no para-brisa do carro, uma flor na mesa do café da manhã, ao menos um telefonema no dia para ouvir a sua voz...
         Você é totalmente conquistada pelas atenções, galanteios, gentilezas! O homem dos sonhos. Você vive o amor que sonhou, o conto de fadas, pois encontrou um príncipe. Pensa nele dia e noite. Sonha acordada, delira, devaneia! É o homem da sua vida.
         Dizem que o que é bom dura pouco, outros dizem, que quando a paixão é avassaladora, tem que ter tempo curto para não desgastar quem a sente. Não sei, só sei que as coisas vão mudando, você já não tem a segurança de estar no paraíso, pois seu coração padece por uma dor inexplicável. Ele parece não ser mais sua cara-metade, já não tem no olhar aquela chama que te queimava inteira... Algo está fora do eixo.
         Aos poucos os recados de email vão parando de aparecer na sua caixa de mensagem, os SMS ficando mais escassos e menores, os recadinhos somem do para-brisas (você até pensa que alguém anda sabotando-os), ele já não tem tempo para o MSN, Skype, ou dizer oi no Orkut, nem dar as caras no Facebook (as vezes parece que foi bloqueada...). Quando você liga no celular, vai pra caixa de mensagem e se liga no fixo e ele atende, diz que está ocupado e que retorna depois... Não retorna. Ele decididamente não anda encontrando mais tempo pra você.
         Quando você resolve ter um “DR”(para quem não sabe é “discutir relacionamento”), o cara diz que se sente apavorado com os sentimentos dele, que não está preparado ainda pra um relacionamento do jeito que você quer, que você é uma menina pra casar, enfim... Tudo baboseira, o que ele quer dizer realmente é que está desinteressado, e não se sente responsável pelo que cativou!  Well... Acho que na verdade é  um fora que ele está te dando!
         Você se sente uma verdadeira idiota, enganada, coitada... Depois tem vontade de matar o sujeito. Não Mata! Em casa, pensando e olhando pro teto da vontade de ligar e o mandar  para aquele lugar, mas você não manda! Chora e sofre, sofre e chora... Ôhhhh vida amargurada.

         Você está desencantada e se sentindo o “coco da mosca que pousou no coco do cavalo do bandido.” Pobre menina conquistada! Triste menina desiludida! Não tem como, você tem que aceitar que o sonho acabou e o encanto se desfez. A varinha de condão se tornou um punhal cravado no seu peito, esquecer é o jeito! A fada madrinha caducou e esqueceu que você é enteada, e o príncipe, virou sapo de repente.
         Duas coisas positivas ficam nesse “pé na bunda”: primeiro ele empurra pra frente(e você vai precisar dessa força pra continuar...rsrsrs) e segundo, geralmente você emagrece e fica linda pra “encher” outros olhos. Aproveite então, estas duas oportunidades e parta pra outro conto, pois esse já está desencantado.
                              Marly Bastos